Ucrânia: o monstro fascista retorna a Europa

Quando em dezembro de 2013 vimos arder Kiev nos nossos ecrãs, alguns setores da esquerda criam estar vendo uma revolução popular. Outras desconfiamos, acostumadas a identificar o que há por trás quando os mass media informam de “revoltas democráticas” contra “regimes autoritários”.

Não é para menos quando vemos uma praça Maidan cheia a reclamar a entrada na UE. Uma UE que, sabemos, é uma estrutura imperialista e antipopular ao serviço do capital monopolista europeu. Não era a primeira vez que a Ucrânia se convertia em campo de experimentação da “agência de revoluções” CANVAS, herdeira da sérvia OTPOR. Mas, desta vez, o Maidan inundou-se de símbolos de organizações abertamente fascistas. Ao vermos estes elementos causar distúrbios num país vizinho da Rússia, soubemos que o capital europeu e norte-americano estava novamente disposto a botar mão do fascismo.

Já naquela altura se advertiu acerca de organizações como Svoboda, Pravy Sektor ou UNA-UNSO. Auto-declarados herdeiros dos colaboracionistas ucranianos do ocupante nazi, estes grupos constituíram o braço armado do Euromaidan. Uma vez efetuado o golpe de estado, conformou-se um governo de facto com integrantes do fascista Svoboda. Os paramilitares do Pravy Sektor passaram a integrar as forças de segurança do novo regime ucraniano. E desatou-se a repressão.

Comunistas, homossexuais, judias e outros colectivos foram vítimas de perseguição e ataques por parte do novo poder. As comunistas viram sedes e bandeiras do seu partido arder, sofreram atentados e torturas. O coletivo LGBTQI viu como se produziam ataques por questões de orientação sexual. A violência desatada contra as judias levou a muitas pessoas a abandonar o país e a pedir ajuda, denegada, a Israel.

É nesta situação que o sudeste da Ucrânia se levantou. Primeiro na Crimeia, depois em Donetsk, Lugansk, Kharkov e outras cidades, mares de bandeiras russas, soviéticas e antifascistas encheram as ruas. Ouviam-se berros pola federalização do país e contra o novo poder fascista. Mas nesta ocasião os media falavam já em “separatistas pró-russos”. A Crimeia, via referendo, aderiu-se à Federação Russa já em Março, com apoio militar russo ante a pressão do exército ucraniano.

Diferente foi o caso do que se conhece como Novorossia, sudeste da Ucrânia. A região tem maior afinidade cultural com a Rússia, mas nem só. Também é a zona mais industrializada da Ucrânia e de facto, já em tempo soviético era considerada o coração da União. Isto faz com que existam amplas capas operárias com uma profunda consciência antifascista.

A população do Donbass organizou-se e proclamou as Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk. Criaram-se milícias de voluntários antifascistas para defender a região ante a ameaça “banderista”. Este é o termo usado para denominar as bandas ultranacionalistas ucranianas, fazendo referência ao seu referente Stepan Bandera, líder dos tristemente famosos colaboracionistas antissoviéticos da Ucrânia na IIGM.

O ataque não demorou em chegar, e logo Slaviansk, Kramatorsk ou Semionovka foram vítimas de bombardeamentos do exército ucraniano e a nova Guarda Nacional de inspiração neonazi. Os sistemas utilizados incluem armas proibidas como o fósforo branco. Também utilizam métodos que nos lembram ao conflito jugoslavo ou à sublevação fascista da Espanha, como as execuções de civis, a delação de “dissidentes” ou o tráfico de órgãos. Com isto o regime de Kiev busca destruir a base produtiva e industrial do Donbass. Deste jeito pretende deixar uma Novorossia em ruínas que surta de mão de obra quase gratuita ao capital europeu e americano.

Neste contexto, as jovens Repúblicas Populares encontram-se isoladas e com pouca capacidade para se defenderem. As suas autoridades políticas e militares já têm feito pedidos de ajuda, tanto à Rússia como ao mundo inteiro. Um exemplo disto são os pedidos efetuados para conformar brigadas internacionais de ajuda humanitária. Também trabalham para que outras províncias da região se somem ao levantamento. Porém não tiveram ainda demasiado êxito neste chamado, mesmo apesar de massacres como o da sede dos sindicatos de Odessa.

Os objectivos do imperialismo são claros. Cercar o rival russo para o afogar economicamente. Integrar a Ucrânia na NATO para aumentar a pressão militar sobre a Rússia. Controlar os gasodutos que percorrem a Ucrânia e fornecem gás a Europa, nomeadamente central e oriental. Subordinar a economia ucraniana ao FMI e inundá-la com produtos europeus e americanos. E para lograr estes objectivos não se importa com os métodos, com as vidas que se perdem, nem com despertar de novo o monstro fascista na Europa.

Ante a barbárie nazi que tenta aniquilar a qualquer custo a resistência na Novorossia, de Isca! manifestamos o nosso apoio e solidariedade às antifascistas das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, e às perseguidas de toda Ucrânia.

Imperialismo fora da Ucrânia!

Solidariedade antifascista com a Novorossia!

Os fascistas não passarão!

 

Artigo publicado no Combater nº8, voceiro nacional de Isca!

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Partíllao!

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