[Opinión] Tempo de paz em Euskal Herria: novos caminhos, mesmo destino

O independentismo basco tem repetido ao longo da última década que a sua naçom está à beira dum novo cenário político, após o esgotamento do modelo estatutário, e que estám mais que dadas as condiçons para essa mudança de ciclo que abra a porta à soberania. Porém, esta mudança nom chegou ainda a ter lugar. Nom estavam realmente dadas essas condiçons ou a estratégia que se estava a seguir nom era a correta? Um amplo debate que galvanizou as bases da esquerda abertzale pareceu dar coa resposta.

A principal conclusom foi que para que essa mudança tivesse lugar era precisa umha readequaçom da estratégia seguida até o momento. Após umha profunda analise sobre as causas do actual bloqueio (tanto externas como internas) e umha necessária autocrítica, particularmente sobre o desenvolvimento do anterior processo de paz, chegou-se à actual situaçom, que tem como principal novidade que parte de toda umha série de passos unilaterais por parte da esquerda abertzale. O mais relevante deles foi a aprovaçom colectiva por parte das suas bases do documento Zutik Euskal Herria que apostava claramente pola exclusividade das vias políticas, pacíficas e democráticas para desenvolver o projecto independentista.

O Acordo de Gernika é umha das mais claras materializaçons desta aposta polo novo ciclo: aglutinando um importante número de partidos políticos, sindicatos e organizaçons sociais de todo tipo, expom umha série de exigências tanto a ETA como aos estados espanhol e francês de cara a superar o conflito armado e entrar numha nova fase de normalizaçom política. A resposta por parte dos interpelados é tam visível como previsível: ETA leva já mais dum ano sem desenvolver açons ofensivas no entanto que os estados mantenhem intactas as suas políticas repressivas.

Para quem acreditar na suposta vontade de paz do Estado Espanhol e os seus sucessivos governos, pode parecer que a contestaçom dada ante estes passos (é dizer, mais repressom) carece de lógica. Porém, essa reacçom é coerente cos seus temores. O Estado Español sentia-se muito mais cómodo num cenário de violência de ETA que lhe permitia justificar perante a opinom pública a sua política repressiva e impedir pola força um cámbio político que seria mui complicado de frear com umha esquerda abertzale legal e competindo politica e institucionalmente em pé de igualdade. Lembremos que a dia de hoje um sector mui importante da sociedade basca carece de direitos civis e políticos (reuniom, manifestaçom, sufrágio…), ou que quase 50.000 bascas e bascos formam parte já de listas negras que lhes impedem apresentar-se às eleiçons por estarem“contaminadas”, algo que fai que nom seja exagerado falar dum novo apartheid em plena Europa. Ou lembremos tamém a persistência da tortura ou da criminal política penitenciária que longe de suavizar-se mantém-se ou mesmo se intensifica na sua crueldade (dispersom, doutrina Parot…).

O último exemplo da burla que nos vendem em forma de suposto estado de direito ou independência judicial é o caso de Sortu: o novo partido político apresentou-se com um rejeitamento explícito da violência como estratégia política,mesmo cumprindo requisitos que nomse lhe exigema outras forças. Porém, tampouco foi legalizado. Quando Rubalcaba expunha a sua disjuntiva: “ou votos ou bombas”, parece que el já tinha escolhido qual preferia.

Nom é casual tampouco que se detenham e mantenham em prisom os principais impulsores da nova estratégia (começando por Arnaldo Otegi). Nem que continuem as detençons e operativos policiais contra militantes políticos sem vinculaçom com actividades armadas, particularmente jovens. Com isto pretendem provocar contradiçons e cisons, e impedir umha inevitável normalizaçom política que como muito só poderám atrasar.

Paralelamente à posta em marcha unilateral do processo de paz, iniciouse um caminho de acumulaçom de forças soberanistas e de esquerda: Euskal Herria ezkerretik, depois concretado eleitoralmente na coaligaçom Bildu (tamém ameaçada polo governo espanhol), uniu a esquerda abertzale, EA e Alternatiba en torno a um programa de mínimos que recolhe nom só a aposta polo exercício da soberania mas também a necessidade dum novo modelo socio-económico que rache co capitalismo neoliberal e a sua ofensiva contra os direitos da classe trabalhadora.

Situamo-nos portanto num cenário no que já só resta umha violência: a do Estado. Umha violência que manterá no entanto nom pense que lhe supom mais custes que benefícios. Porque do mesmo jeito que a violência de ETA foi o principal elemento deslegitimador do projecto da esquerda abertzale, um cenário de repressom unilateral do Estado em resposta à luita pacífica de massas nom poderá suster-se muito no tempo.

A nova situaçom é mui alentadora porque abre a porta a superar definitivamente o conflito armado mas tamém o conflito político. Sem ETA como escusa e sempoder recorrer à criminalizaçom, vai sermui complicado frear umha maioria social que demanda transformaçons profundas, sentando as bases para um avance do projecto político independentista e de esquerda, algo ao que nom serám (seremos) alheias o resto de naçons do estado.

Desde Sun Tzu sabemos que umha das chaves fundamentais para a vitória é saber trasladar a batalha ao terreno mais favorável. Consciente disto, a esquerda abertzale decidiu confrontar co estado exclusivamente na luita política e de massas, na acumulaçom de forças e na confrontaçom democrática, terreno onde um trabalho de base durante décadas organizando e mobilizando os sectores mais conscienciados do seu povo da-lhe umha vantagem que pode ser decisiva de cara a forçar umha mudança de ciclo que abra a porta a um horizonte estratégico que nom se alterou: a independência e o socialismo.

Breixo Lousada

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